Talvez não exista um lugar em que o machismo
esteja mais enraizado que no futebol. E não é difícil encontrar motivos que
comprovem isso. Basta conviver um pouco nesse ambiente para escutar milhões de
exemplos que afloram a superioridade masculina.
Gritos
de “bicha” nas arquibancadas são algo comum e considerados, pela maioria, um
grave xingamento. Mulheres, muitas vezes, não são bem-vindas, afinal “futebol é
pra macho!”. Não à toa, as sobreviventes, que enfrentam o preconceito, vivem um
cenário hostil, em que suas opiniões raramente são respeitadas. Ademais, sofrem
um processo de exclusão, como por exemplo com a falta de materiais futebolísticos
destinados ao biótipo feminino.
Ontem,
um acontecimento evidenciou esse preconceito e, além disso, ratificou a
necessidade de movimentos feministas por todo o país.
O
evento foi o lançamento das camisas do Atlético-MG para a temporada de
2016, mas o design inovador e a curiosa “caixa” branca nas costas da blusa
titular não foram o que mais chamou a atenção. A principal atração se tornou algumas
belas modelos, que desfilaram apenas com a camisa e o biquíni, deixando em evidência as pernas e
as nádegas ao longo do trajeto.
Claramente, uma objetificação da mulher foi feita para agradar o público
que, infelizmente, é o principal consumidor desse esporte: o homem machista.
Com
razão, muitas mulheres, após o ocorrido, manifestaram a sua indignação, gerando
várias discussões. Para a ala machista, descontente, tudo não passou de mais um
“mimimi” das "feminazis" e quem apoiou a causa foi linchado e acusado de ser
“maria enrustida”.
O
resultado da polêmica apenas comprovou o que já era fato. O machismo no futebol
é um problema gravíssimo e que demorará anos para ser desfeito.
Com
relação ao debate, muitas pessoas podem não concordar, mas todos são obrigados a
respeitar as alegações dessas mulheres, afinal, apenas o grupo oprimido
sabe realmente o que passa.
Que o
futebol, um esporte fantástico de inclusão, mantenha sua fama. Dentro e fora de
campo, todos merecem respeito e a violência presente, seja física ou verbal,
precisa imediatamente ser abominada.